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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

ALUNOS E ALFABETIZAÇÃO AOS 6 ANOS, QUE PAIXÃO!!!

Hoje entrei em sala de aula. Trabalhei como volante de turmas de 1º, 2º, 3º e 6º anos.
Me apaixonei pelos pequenos!!! Mais uma vez!!!
Acho que tenho muito que aprender sobre as crianças de 6 anos, enquanto alunos, e por isso todo o meu encantamento!!!
Comecei a pensar algumas coisas hoje, a partir do maravilhoso que foi o trabalho.
Eles estão entre dois extremos muito complementares e penso, facilitadores da aprendizagem:
* querem crescer, estão interessados em estabelecer um lugar diferente de referência no mundo, diferente do que o maternal lhes oferece, pois este tem a tendência de ser infantilizador e de manutenção do ego da mãe, que necessita da dependência do filho para sentir-se pleno.
A partir dessa idéia, mais ainda me convenço de que tratar os alunos de 6 anos, no 1º ano escolar do ensino fundamental com diminutivos, palavras meladas e pior, dando-lhes colo, como faz uma mãe é tirar-lhes a oportunidade, que na verdade é uma das funções sociais da escola, qual seja a de lhes oferecer uma nova oportunidade de referência no mundo. Com este tratamento, a escola acaba sendo para os alunos, uma extensão do espaço familiar e não a ruptura de que eles tanto necessitam para a construção de uma identidade com competências para transitar em muitos espaços.
No outro extremo:
* estão ainda emaranhados no mundo do lúdico, dos jogos, da fantasia. Qualquer proposta de jogo, de brincadeiras, como a de que a professora é uma bruxa e vai enfeitiça-los com o pó que os transforma em estátuas é sempre bem recebida, eles se jogam de cabeça. O que a professora lhes oferecer com entusiasmo será acolhido.
Além da questão psicológica, do ponto de vista cultural, o apelo é veemente: aos 6 anos se entra na escola e a escola é lugar de aprender. Eles estão lá para aprender, todo o contexto lhes favorece.
É o preconceito de que aprender é cansativo o que faz com que o ensino, essencialmente da leitura e da escrita seja, por que não dizer, "evitado" em muitas redes e escolas aos seis anos.
Aprender, segundo Freud, o pai da psicanálise, dá mais prazer que o ato sexual. Por que não alfabetizar aos 6 anos, momento mais propício para isso?
Muitos dirão que os alunos de favelas, de vilas ou zonas rurais, com pais analfabetos, de famílias desestruturadas, aos 6 anos estão imaturos, que não estão socializados, que lhes falta desenvolver outros aspectos, não sabem sentar, pegar o lápis, recortar, etc.
Vygotsky se contrapóe a Piaget, justamente quando apresenta o conceito da aprendizagem como propulsora do desenvolvimento, afirmando extamente o contrário do que afirmou o mestre Piaget. Os alunos só se desenvolverão se forem acionados em suas competências cognitivas.
Não há nenhum impedimento de se ensinar a ler e a escrever enquanto se ensina a "ser aluno", enquanto construímos o sujeito social cognocente, que aprende as regras da escola, sua funções, os papéis desempenhados ali dentro daquela estrutura social.
O que precisamos é mudar a idéia que está por trás dessa catástrofe de pensar que a alfabetização pode acontecer em até três anos.
Essa idéia de que primeiro o aluno precisa desenvolver aspectos sociais para depois poder aprender conhecimentos científicos, tem sustentado a maior injustiça social já cometida pelas escolas ao longo da história.
A "Partilha da Letra" (Jacques Rancière) não acontece. Há que se domesticar os selvagens antes de lhes oferecer o acesso a riqueza do conhecimento. Antes disso, não são dignos de partilharem da classe dos letrados, que avalia e escolhe seus candidatos segundo critérios preconceituosos.
Dra. Esther Grossi, presidente do Geempa, grupo de estudos, fundador da teoria Pós-construtivista, tem sido a teórica a conseguir concatenar em seus estudos, contribuições de diversas disciplinas, como a psicanálise, a antropologia, a medicina, a filosofia e a mais nova ciência da educação: a didática. Muito de teórico já se construiu cientificamente, mas este grupo de vanguarda tem feito muita ciência a partir da metodologia do ato de ensinar, ou seja, a didática. Tudo isso com uma sólida, coerente e mais que tudo, convergente sustentação teórica. Visitem o site http://www.geempa.org.br/ !!!
É bom demais ser professora!!!