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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A Psicanálise na formação de professores

Penso que a prática autônoma só se constrói a custo de muitas rupturas com conceitos fundantes da escola, que hoje não dão mais conta de explicar o fenômeno educativo. Rupturas que só acontecem e se sustentam, colocando o sujeito-professor em outro degrau da escada de sua profissionalização, se apoiadas em uma teoria sólida e consistente.


Nós, os professores temos nossos: "eu acho", "na minha opinião", acredito que", "depois de x anos de experiência"... Não falamos de um lugar teórico. Não explicamos os fenômenos da sala de aula com convergência teórica. Não colocamos nosso psiquismo, nossa história como estudante em análise, no que se refere ao vínculo com o aluno.

Tenho pensado muito, e lendo "Os professores - Entre o prazer e o sofrimento", de Claudine Blanchard-Laville, vejo que nós, professores não consideramos a singularidade e especificidade desta relação professor/aluno e o quanto é necessário ter uma postura psicanalisada diante de uma sala de aula, cheia de histórias, de construções, de atitudes que podem nos esbofetear, por escancarar aspectos de nós mesmos com os quais não queremos nos deparar.
Aprendemos muito na Universidade, mas não sabemos o que fazer com o que aprendemos. Sabemos quem é Piaget, Vygotsky, Wallon, Alícia Fernandes, sabemos o que eles dizem, conhecemos as teorias da aprendizagem,  mas não sabemos como aplicar isto didaticamente. Ficamos reproduzindo o que vivemos enquanto alunos. Precisamos analisar estas experiências sob o risco de terminarmos aprisionados por elas.

A forma de nos pouparmos diante desta "incompetência psicanalítica" é a criação de mecanismos de defesa que incluem a culpabilização da família e a medicalização do ensino.

Conheci a Teoria Pós-construtivista através do GEEMPA , na verdade é uma rede teórica que considera, além de outras ciências, a psicanálise na compreensão dos aspectos relacionados aos vínculos entre professor aluno, além de servir como base teórica para compreender também os processos dramáticos da turma e dos sujeitos que a compõe. É uma teoria de vanguarda, revolucionária e só posso dizer que continuo a braços para poder apreendê-la. Continuo buscando a adequação didático/pedagógica, buscando aprender a ensinar para os alunos aprenderem.

Ela é revolucionária e suscita muitas resistências, como todas as idéias que provocaram grandes guinadas no mundo. Me toca estudá-la muito, articular com a pesquisa na sala de aula e construir uma prática consistente.
Fico feliz de estar na vanguarda da pedagogia e me sinto tranquila por saber que, mesmo que não veja grandes resultados generalizados durante minha existência, estou participando de um movimento revolucionário da educação.