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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

EDUCAR É ACREDITAR QUE A TRANSFORMAÇÃO É POSSÍVEL - PAULO FREIRE

         Que será feito dos alunos das ditas famílias "desestruturadas"?
         O discurso politicamente correto das escolas, agora, é um pouco diferente! Não importa mais se a família tem pai, mãe, filhinhos... Agora, quando se fala em família desestruturada, o enfoque não é  a qualidade dos seus membros e sim o apoio e responsabilidade dos responsáveis pelos filhos.
         Acontece que o apoio e responsabilidade são valores construídos culturalmente em cada comunidade... E além disso, vejo pais super comprometidos, levando buscando, atendendo quando são chamados e mesmo assim seus filhos não aprendem.
         Então entram as questões neurológicas, as qualidades ... ou "defeitos" inatos.
         Fico indignada, me perguntando se a escola nunca? pensa no que pode estar acontecendo de errado com ela.
         Claro! Há que se considerar todos os elementos envolvidos, mas a escola não é um elemento envolvido nesta trama??????
         Ah! Claro! A escola está perfeita, o problema são os alunos! Seria como o sistema de saúde dizer: o SUS está perfeito, o problema são os pacientes, ou como um engenheiro dizer, diante de sua obra ruída, que ele planejou bem, mas o terreno é que não era bom.
        Meu Deus! Parece tão óbvio! Lógico!!
       A escola existe, especialmente a pública, para possibilitar o acesso da classe popular ao conhecimento científico!
       Será que está claro? CLASSE POPULAR!
       Famílias com pouco acesso à aprendizagem na escola e portanto, marginalizados por uma história que versa sobre a exclusão das mulheres, dos negros e dos pobres do acesso ao conhecimento letrado.
       É muito recente a lei que obriga as crianças de seis anos a entrarem na escola!
       Muitos pais e avós de nossos alunos, entraram na escola, não aprenderam a ler em várias tentativas e sairam dela, pois não havia lei que obrigasse a estar na escola e como a escola estava moldada (estava? acho que ainda está!) para um  público elitizado, esses alunos, com esquemas de pensamentos bem mais primários, não tiveram nenhuma chance. Nada do que era proposto na escola tradicional atingia sua zona proximal de aprendizagens!
        Diante disso, a escola de "classe popular" diz que não pode fazer nada, pois os alunos vem sem "base" para a escola e ainda não tem nenhum apoio, não têm quem ajude em casa!
        Por favor! A escola existe como organismo social para dar uma chance a esses alunos, para oferecer um referencial simbólico diferente e SOBRETUDO para ensinar! Pois que vá buscar meios!!!!
        O preconceito com relação às potencialidades humanas fica mascarado de uma forma tão grotesca, a meu ver, com o seguinte discurso: temos que respeitar a cultura, o ritmo... ou seja... os "defeitos" deles e não esperar "ensinar", só a socialização que a escola oferece é um grande lucro pra esses pobres marginais que nunca teriam acesso a nada!
        Só que eles só terão condições de tomar boas decisões se tiverem conhecimento, se tiverem acesso ao conhecimento científico historicamente acumulado, o que é responsabilidade da escola propiciar! Somente terão chances se puderem ser donos da própria história e não joguetes de mentes mais brilhantes!
        Não dá pra esperar que as famílias sejam "estruturadas" para que a escola possa desempenhar sua função, que é ENSINAR! Será que pensando em grupo, buscando referencial teórico sólido e moderno, parando de culpar a família e irmanados responsavelmente não poderíamos pensar em caminhos ao invés de enumerar impossibilidades?
         Tantos Freireanos falando em determinismo cultural, orgânico, social... parece que não conhecem a palavra do teórico: "Educar é acreditar que a transformação é possível."

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