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quinta-feira, 14 de abril de 2011

A morte faz parte da vida!

Acabo de perder a minha mãe!
Tenho duas turmas de alfabetização e fico pensando em como trabalhar esta dramática que é minha, neste momento, mas que também faz parte simbólica e concretamente da vida de meus alunos (tenho um aluno que perdeu a mãe quando ele nasceu e o pai quando tinha quatro anos).
Para aprender é preciso abandonar hipóteses anteriores para se instalar em outro nível. Este movimento de “abandonar” uma hipótese segura nos lança em um estado de insegurança muito grande, porque por algum tempo, a sensação é a de que não temos mais nada.
Deste modo, a morte está presente em qualquer processo de aprendizagem, pois é necessário que deixemos idéias morrerem para que outras nasçam.
Penso que poderia colocar para eles perguntas que eu mesma venho me fazendo, no intuito de descobrir o que eles sabem ou pensam sobre elas.
Para onde vão as pessoas que morrem? Existe alma, ou espírito? Porque é necessário morrer? Quem decide a hora das pessoas morrerem?
Como trabalhar com a tristeza e a saudade diante deles? Como levá-los a aprenderem com algo que parece tão terrível, como a morte?
Muitas perguntas estão pairando no pensamento e com certeza, ao conversar com os alunos, mais perguntas vão surgir.
Não tenho o maior intuito de respondê-las,  minha intenção é a de descobrir quais as representações simbólicas que eles fazem sobre a morte. E o que fazer com elas? Ainda não sei, sinceramente, mas acho que poderíamos produzir um texto coletivo. Pensei em levar uma foto da minha mãe para eles a conhecerem e verem como éramos parecidas.
Poderíamos falar das mães que estão com eles e das que não estão. Muitos alunos revelaram na aula-entrevista, quando eu perguntava sobre quem eram as pessoas que moravam com eles, a ausência de sua mãe.
Está  muito difícil pensar didaticamente na abordagem deste tema. Obviamente porque não tenho condições de abordá-lo objetivamente. Estou envolvida até a cabeça com ele.
Por outro lado, a forma como estou encarando a morte de minha mãe pode lhes ser útil, porque não estou desesperada, achando que foi injusto ou que poderia ter sido diferente. Ela morreu concretamente, mas estará para sempre dentro de mim. Não é uma santa, nem a pessoa mais perfeita do mundo. Deixou comigo as coisas que eu escolhi que ficassem e levou com ela as que eu não queria em minha vida!
Aliás, ela sempre me orientou e encaminhou sem me tirar a liberdade de escolher o meu próprio caminho! Sempre me encorajou e estimulou sem deixar de me mostrar que existiam limites.
Minha mãe era alguém que alternava em suas atitudes as funções materna e paterna.

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